(Atualizado em 02/11/2011)
Todo mundo sabe que o Halloween, ou “Dia das Bruxas”, é comemorado mundialmente no dia 31 de outubro e, apesar da data ter séculos de história e tradição, muitos brasileiros torcem o nariz para esta comemoração, pois ela veio “importada” e não tem nada a ver com a nossa cultura.
Todo mundo sabe que o Halloween, ou “Dia das Bruxas”, é comemorado mundialmente no dia 31 de outubro e, apesar da data ter séculos de história e tradição, muitos brasileiros torcem o nariz para esta comemoração, pois ela veio “importada” e não tem nada a ver com a nossa cultura.
A festa de Halloween é realizada em grande parte dos países ocidentais, porém é mais representativa nos Estados Unidos, onde o dia foi transformado em feriado nacional. Neste dia as crianças saem fantasiadas pelas ruas, batem nas portas da vizinhança e anunciam: "gostosuras ou travessuras". No final do dia elas voltam felizes para casa, com sacos cheios de balas, doces, chocolates e guloseimas.
Esta data comemorativa tem mais de 2500 anos e surgiu entre o povo celta, no chamado festival de Samhain, que marcava o fim do verão e acontecia entre os dias 30 de outubro e 2 de novembro. Originalmente não havia nenhuma relação com as bruxas, uma vez que a tradução literal de Samhain é “fim do verão”. Foi levada aos países de língua inglesa pelos imigrantes escoceses e irlandeses (povos de etnia e cultura celta), lá pelo início de 1800.
No Brasil esta comemoração é bem mais recente, tem uns 20 anos, e chegou por influência da cultura norte-americana. As escolas de língua inglesa, entendendo que esta seria uma forma de vivenciar a cultura norte-americana com seus alunos, introduziram e propagaram esta festa no território nacional. É claro que a moda pegou no Brasil, principalmente pelo incentivo da mídia e do comércio, que tem nas comemorações do halloween um faturamento extraordinário, bem ao estilo do capitalismo selvagem.
Numa tentativa de preservar a rica e expressiva cultura brasileira, apesar do folclore já ter uma data comemorativa (22 de agosto), a aprovação da Lei Federal nº 2.762 instituiu no Brasil o "Dia do Saci". Propositalmente escolhida para o dia 31 de outubro, a data é oficialmente comemorada desde 2005. Mesmo antes de tornar-se uma Lei Federal, o Estado de São Paulo já havia aprovado uma Lei Estadual para comemorar este dia (Lei nº 11.669, de 13 de janeiro de 2004). A idéia surgiu em São Luiz do Paraitinga, pequena cidade do Vale do Paraíba, depois que um grupo de apaixonados por sacis se reuniu e criou a Sosaci (Sociedade dos Amigos do Saci).
Eu apoio esta iniciativa. Acredito que todo país tem que ter seus mitos e penso que nenhum país deve deixar-se dominar culturalmente. Embora este domínio esteja escancarado na música, no cinema, na informática, nas roupas de marca, nas gírias, etc.
Apesar da celebração do Halloween guardar relações com o povo celta, ela tem duas origens que foram se misturando no transcurso da História: a origem pagã e a origem católica.
Origem Pagã
Numa tentativa de preservar a rica e expressiva cultura brasileira, apesar do folclore já ter uma data comemorativa (22 de agosto), a aprovação da Lei Federal nº 2.762 instituiu no Brasil o "Dia do Saci". Propositalmente escolhida para o dia 31 de outubro, a data é oficialmente comemorada desde 2005. Mesmo antes de tornar-se uma Lei Federal, o Estado de São Paulo já havia aprovado uma Lei Estadual para comemorar este dia (Lei nº 11.669, de 13 de janeiro de 2004). A idéia surgiu em São Luiz do Paraitinga, pequena cidade do Vale do Paraíba, depois que um grupo de apaixonados por sacis se reuniu e criou a Sosaci (Sociedade dos Amigos do Saci).
Eu apoio esta iniciativa. Acredito que todo país tem que ter seus mitos e penso que nenhum país deve deixar-se dominar culturalmente. Embora este domínio esteja escancarado na música, no cinema, na informática, nas roupas de marca, nas gírias, etc.
Apesar da celebração do Halloween guardar relações com o povo celta, ela tem duas origens que foram se misturando no transcurso da História: a origem pagã e a origem católica.
Origem Pagã
A origem pagã tem a ver com a celebração do Samhain, que marcava o fim do verão e tinha por objetivo dar culto aos mortos. O povo celta, muito apegado a natureza, habitava a região da França e da Inglaterra entre os anos 600 a.C e 800 d.C. Para este povo, o fim do verão era visto com algo pavoroso, pois no inverno as noites eram frias e o alimento era escasso. Além do mais, para aquelas mentes supersticiosas, as longas noites de inverno eram acompanhadas por espíritos indesejáveis. Os celtas acreditavam que no último dia do verão (31 de outubro), os espíritos saiam dos cemitérios para tomar posse do corpo dos vivos. Então, eles acendiam fogueiras nas vilas e usavam fantasias representando o espírito dos mortos. Com isso eles esperavam enganar os fantasmas, que acreditando não haver nenhum “vivo” por ali seguiriam viagem para assombrar outras vilas. Vem daí a tradição de enfeitar as casas com aboboras iluminadas para espantar os maus espíritos.
Outra versão desta história conta que a "festa dos mortos" era uma das datas mais importantes para os celtas, que acreditavam ser o lugar dos mortos um lugar de felicidade perfeita, onde não havia fome nem dor. Nestas festividades os sacerdotes druidas atuavam como “intermediários” entre os vivos e os seus antepassados. Havia a crença de que os espíritos dos mortos voltavam nessa data para visitar seus antigos lares e guiar os seus familiares rumo ao outro mundo, um mundo de felicidade.
Em 46 AC. as Ilhas Britânicas foram invadidas pelos Romanos, e a cultura latina acabou mesclando-se com a cultura celta, sendo que esta última rareou-se com o tempo. Em fins do século II o druismo, religião dos celtas, já tinha desaparecido na maioria das comunidades. No processo de ocupação das terras européias, os povos pagãos trouxeram esta influencia cultural em pleno processo de disseminação do cristianismo.
Outra versão desta história conta que a "festa dos mortos" era uma das datas mais importantes para os celtas, que acreditavam ser o lugar dos mortos um lugar de felicidade perfeita, onde não havia fome nem dor. Nestas festividades os sacerdotes druidas atuavam como “intermediários” entre os vivos e os seus antepassados. Havia a crença de que os espíritos dos mortos voltavam nessa data para visitar seus antigos lares e guiar os seus familiares rumo ao outro mundo, um mundo de felicidade.
Em 46 AC. as Ilhas Britânicas foram invadidas pelos Romanos, e a cultura latina acabou mesclando-se com a cultura celta, sendo que esta última rareou-se com o tempo. Em fins do século II o druismo, religião dos celtas, já tinha desaparecido na maioria das comunidades. No processo de ocupação das terras européias, os povos pagãos trouxeram esta influencia cultural em pleno processo de disseminação do cristianismo.
Origem Católica
Desde o século IV a Igreja da Síria consagrava um dia para honrar os mártires, os santos, e outros cristãos heróicos. Três séculos mais tarde o Papa Bonifácio IV transformou um templo romano, dedicado a todos os deuses, num templo cristão, e este passou a ser dedicado a "Todos os Santos". Assim, o dia dedicado aos mártires do cristianismo ficou conhecido como “Dia de Todos os Santos”. Inicialmente, esta comemoração era celebrada no dia 13 de maio, mas o Papa Gregório III mudou a data para 1º de novembro, dia dedicado a capela de Todos os Santos, na Basílica de São Pedro, em Roma.
Mais tarde, no ano de 840, o Papa Gregório IV ordenou que a festa de Todos os Santos fosse celebrada universalmente. Como era uma festa muito grande, ganhou também a sua celebração vespertina (vigília que preparava a festa no dia anterior, 31 de outubro). Na tradução para o inglês, essa vigília era chamada All Hallow’s Eve (Vigília de Todos os Santos), passando depois pelas formas All Hallowed Eve e All Hallow Een, até chegar à palavra atual Halloween.
Outra versão para a origem católica da comemoração do Halloween, é que este dia marcava a véspera do “Dia de Todos os Santo”, quando era celebrado o Hallow Evening (noite sagrada), tendo ai uma das idéias sobre a origem do nome Halloween.
A relação do Halloween com as bruxas teria começado na Idade Média, quando passou a ser chamado de Dia das Bruxas. Por ser uma festa pagã o Halloween foi condenado em toda a Europa, e aqueles que comemoravam esta data eram perseguidos pela Inquisição e condenados a fogueira, assim como ocorria com as pessoas consideradas curandeiras e acusadas de bruxaria. Com o objetivo de diminuir as influências pagãs na Europa Medieval, a Igreja cristianizou a festa, criando o “Dia de Finados” (2 de novembro).
Mais tarde, no ano de 840, o Papa Gregório IV ordenou que a festa de Todos os Santos fosse celebrada universalmente. Como era uma festa muito grande, ganhou também a sua celebração vespertina (vigília que preparava a festa no dia anterior, 31 de outubro). Na tradução para o inglês, essa vigília era chamada All Hallow’s Eve (Vigília de Todos os Santos), passando depois pelas formas All Hallowed Eve e All Hallow Een, até chegar à palavra atual Halloween.
Outra versão para a origem católica da comemoração do Halloween, é que este dia marcava a véspera do “Dia de Todos os Santo”, quando era celebrado o Hallow Evening (noite sagrada), tendo ai uma das idéias sobre a origem do nome Halloween.
A relação do Halloween com as bruxas teria começado na Idade Média, quando passou a ser chamado de Dia das Bruxas. Por ser uma festa pagã o Halloween foi condenado em toda a Europa, e aqueles que comemoravam esta data eram perseguidos pela Inquisição e condenados a fogueira, assim como ocorria com as pessoas consideradas curandeiras e acusadas de bruxaria. Com o objetivo de diminuir as influências pagãs na Europa Medieval, a Igreja cristianizou a festa, criando o “Dia de Finados” (2 de novembro).
Eu não sei qual das versões é mais coerente, mas sei que nós, brasileiros, não temos raízes Celtas e não fomos colonizados por Irlandeses nem por Ingleses. Por que então deveríamos comemorar o halloween?
Nossas raízes estão nos povos indígenas, nas tribos Tupi-guaranis, Pataxó, Tupinambá, etc. Nossos mitos guardam relação com a floresta, com a liberdade, com a vida e com a alegria. Embora alguns acreditem que o Saci tenha vindo da Europa, na época da colonização portuguesa, já que no folclore português há um negrinho travesso, a origem do Saci é atribuída aos índios brasileiros, inclusive o termo saci-pererê é de origem tupi.
O mito original guarani era um curumim (menino índio) com duas pernas, que apesar de arteiro e brincalhão ajudava as pessoas perdidas na floresta. Mais tarde ele foi incorporado a cultura popular africana e passou a ser negro, ganhou um cachimbo e virou perneta. O Saci perdeu uma das pernas porque foi preso com grilhões na senzala e, como ele preferia ser um "perneta" livre a ser um "normal" escravizado, cortou a perna que estava presa e fugiu. Depois disso o Saci ganhou um gorrinho vermelho, símbolo da liberdade, o mesmo que os romanos davam aos escravos libertos, e que também está presente em vários mitos europeus. Então, o Saci é uma síntese dos três grandes povos que formaram a raça brasileira: indígenas, africanos e europeus. Só não tem influência da raça oriental porque esta chegou ao Brasil no século XX, quando a figura do Saci já estava fortemente difundida.
O Saci-pererê é uma das figuras mais conhecidas do nosso folclore. Diz a lenda que o Saci não é mal, mas é muito brincalhão, apronta o tempo todo. Adora fazer travessuras: assusta bois e cavalos no pasto, esconde objetos nas casas, azeda o leite, queima a comida do fogão, dá nó em crinas de cavalo, etc. A crença neste personagem é muito forte no interior do Brasil, onde os mais velhos, em volta das fogueiras, contam aos mais novos suas experiências com o saci.
Isso é o Saci, moleque danado, guardião da floresta, protetor da natureza. Junto com o Boitatá, o Curupira, a Mula Sem Cabeça, é o personagem mitológico mais presente no imaginário popular.
Em 1920 o escritor e romancista Monteiro Lobato (1882-1948) popularizou o Saci Pererê transformando-o em personagem do "Sítio do Picapau Amarelo". A lenda se espalhou por todo o Brasil quando as histórias de Monteiro Lobato ganharam as telas da televisão.
O mito original guarani era um curumim (menino índio) com duas pernas, que apesar de arteiro e brincalhão ajudava as pessoas perdidas na floresta. Mais tarde ele foi incorporado a cultura popular africana e passou a ser negro, ganhou um cachimbo e virou perneta. O Saci perdeu uma das pernas porque foi preso com grilhões na senzala e, como ele preferia ser um "perneta" livre a ser um "normal" escravizado, cortou a perna que estava presa e fugiu. Depois disso o Saci ganhou um gorrinho vermelho, símbolo da liberdade, o mesmo que os romanos davam aos escravos libertos, e que também está presente em vários mitos europeus. Então, o Saci é uma síntese dos três grandes povos que formaram a raça brasileira: indígenas, africanos e europeus. Só não tem influência da raça oriental porque esta chegou ao Brasil no século XX, quando a figura do Saci já estava fortemente difundida.
O Saci-pererê é uma das figuras mais conhecidas do nosso folclore. Diz a lenda que o Saci não é mal, mas é muito brincalhão, apronta o tempo todo. Adora fazer travessuras: assusta bois e cavalos no pasto, esconde objetos nas casas, azeda o leite, queima a comida do fogão, dá nó em crinas de cavalo, etc. A crença neste personagem é muito forte no interior do Brasil, onde os mais velhos, em volta das fogueiras, contam aos mais novos suas experiências com o saci.
Isso é o Saci, moleque danado, guardião da floresta, protetor da natureza. Junto com o Boitatá, o Curupira, a Mula Sem Cabeça, é o personagem mitológico mais presente no imaginário popular.
Em 1920 o escritor e romancista Monteiro Lobato (1882-1948) popularizou o Saci Pererê transformando-o em personagem do "Sítio do Picapau Amarelo". A lenda se espalhou por todo o Brasil quando as histórias de Monteiro Lobato ganharam as telas da televisão.
Outro escritor brasileiro a valorizar o nosso folclore através do saci foi Ziraldo. Em 1958 ele criou a série "Turma do Pererê", em que o Saci tem amigos como o índio Tininim e a onça Galileu. Na época, as histórias de Ziraldo foram publicadas na revista O Cruzeiro.
Vamos valorizar nossa cultura também? Vamos mostrar às nossas crianças a beleza e a riqueza do folclore brasileiro?
Em vez de bruxas e gnomos, vamos divulgar nossas cantigas e figuras folcloricas. O moleque arteiro, que pula numa perna só, representa muito bem nossas tradições culturais. Afinal, o saci é uma síntese das três raças que estão na origem da nação brasileira: o índio, o negro e o branco.
Em vez de bruxas e gnomos, vamos divulgar nossas cantigas e figuras folcloricas. O moleque arteiro, que pula numa perna só, representa muito bem nossas tradições culturais. Afinal, o saci é uma síntese das três raças que estão na origem da nação brasileira: o índio, o negro e o branco.
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Dilti, hoje em dia o "politicamente correto" está tão chato, mas tão chato, que logo vai ter gente querendo que a AACD faça um perna mecânica para o Saci!
ResponderExcluirBrincadeiras à parte, temos tantos fatos folclóricos e culturais vindos de outros povos... Se a 'importação' do Hallowen tivesse ocorrido uns 50 anos atrás, acho que teria sido aceita sem tanto alarde. Como o momento político hoje é outro... Podemos conviver com muitas culturas simultaneamente (SP é um excelente exemplo), o que não suporto mais é essa patrulha pseudo-nacionalista, vinda de gente que não exita um minuto em comprar um brinquedo chinês porcaria, fabricado com mão de obra quase escrava!
Salve, salve, leitor mais assíduo do blog!!
ResponderExcluirSabe Caio, eu não me considero uma patrulhadora nacionalista, pois adoro os filmes americanos, uso tênis Nike e como hot dog. Mas vou te falar uma coisa, não me identifico nem um pouquinho com o Halloween. Eu gosto mesmo é de manifestações culturais com raízes brasileiras. Adoro Folia de Reis e quase fiz parte de um grupo regionalista...risos.
Quanto aos produtos made in china... Consumimos a todo momento, mesmo sem saber. não tem jeito meu amigo, é a globalização.
Beijão Caio.
Dilti, adorei seu Saci, quer dizer, seu artigo sobre o Saci. Eu também acho que não tem nada mais distante de nós que bruxas, duendes e fadas. Mas meu pai morava na roça e contava muitas histórias (com h porque ele afirmava que eram verdadeiras) de Saci. E eu também acredito nelas seja lá quem fazia tudo aquilo.
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