Já que eu não devo julgar os erros alheios, sem antes corrigir os defeitos que há em mim, tento não perder meu poder de indignação diante de tantos casos de corrupção, violência, injustiça, impunidade, desprezo e preconceito.
Basta ligar a televisão, ou passar os olhos por um jornal, para se deparar com escandalos e abusos de toda espécie, notícias que abalam os nervos até dos mais equilibrados.
Esta avalanche de “maus comportamentos” faz com que nosso grau de tolerância fique cada vez menor, por isso venho propor uma reflexão sobre o conceito de tolerância.
Originalmente, tolerar significa suportar, mas esta definição me causa grande incomodo, pois fica impossível não associar tolerância à idéia de imposição e sofrimento.
Vejamos algumas formas negativas de exercitar a tolerância:
- Meu chefe é tirano, grosseiro e mal educado, mas sou obrigada a tolerar, pois preciso do emprego.
- Meu irmão me ofende com frequencia, mas eu tolero calada, pois ele paga as despesas da casa.
- Se eu tivesse um revolver no carro não teria tolerado os palavrões do motorista imbecil que me deu uma fechada.
A tolerância praticada desta forma é pesada e causa revolta, mas se ampliarmos um pouco mais nossa capacidade de compreensão vamos perceber que tolerar significa ter boa disposição para aceitar condutas e opiniões diferentes das nossas. Esta forma de tolerância é bem mais útil, e certamente gera bons resultados.
Não se trata de suportar aquilo que não pode ser eliminado, mas entender que cada um age de acordo com as suas limitações, quer morais ou intelectuais, e que se a pessoa não se comportou como deveria, é porque seu grau evolutivo ainda não permite.
A rigor, somos bons ou ruins, tanto quanto nos permite nosso grau de evolução. O mérito de ser tolerante é conseguir respeitar a limitação de cada criatura, compreendendo que cada um está num diferente nível de amadurecimento, dando o melhor de si e fazendo tudo o que lhe é possível fazer no momento.
Tomemos a Natureza como exemplo: É possível, por acaso, censurar um botão de rosa ainda fechado por não estar totalmente desenvolvido ou aberto? Afirmar aos outros quais atitudes eles deveriam ter é desrespeitar sua natureza íntima, ou seja, seu próprio grau de crescimento espiritual.
Para ser tolerante não é preciso tornar-se submisso, ou ser uma pessoa acomodada e conformista. Quem é tolerante mantém os próprios pontos de vista, e mesmo assim respeite a opinião alheia.
Você já pensou nos conflitos que poderíamos ter evitado se fossemos mais tolerantes? E isso inclui a tolerância racial, social, política, religiosa, cultural, sexual, estética, e tantas outras formas de preconceito à diversidade, fruto da nossa ignorância e escravidão mental. É por isso que a tolerância é caminho para a paz.
A diversidade está em toda parte: no pensar, no agir, no gostar, na maneira de encarar e enfrentar a vida, e quase sempre, a diversidade não tolerada, é a causa de guerras e conflitos entre pessoas e nações.
Para aqueles que não toleram nada, que usam o jargão “tolerância zero”, é bom lembrar que a falta de tolerância mantém relações estreitas com a ira e a impaciência, por isso faz mal a saúde, desorganiza nosso sistema nervoso, e expõe nossos corpos e mentes a várias doenças.
Ser tolerante é bom pra gente e para os outros. Mas será que em nome da tolerância devemos aceitar que uma pessoa nos prejudique?
Sobre esta questão devemos lembrar que quem prejudica seu semelhante é enfermo da alma. Ainda não sabe que tudo o que fazemos aos outros, de bom ou de ruim, sempre volta para nós. Mais do que tolerância, estas pessoas precisam do nosso perdão e da nossa compaixão, atitudes exemplificadas por Jesus durante toda a sua trajetória terrestre.
Quem nunca ouviu falar da nobre atitude de Jesus, no momento da sua morte, quando rogou à Deus por seus algozes? "Pai, perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem".
Diante da ingratidão, da incompreensão, da injúria e da grosseria, resta-nos, como recurso seguro e cristão, exercitar a tolerância. Não olvidemos que toda criatura traz consigo as imperfeições que lhes são peculiares, tanto quanto, desajustados que ainda somos, trazemos também as nossas. Quem sabe, se no futuro, não seremos nós os necessitados de tolerância e perdão?
Sejamos, então, tolerantes com os nossos semelhantes, afim de alcançarmos a tão desejada paz interior.
DICAS PARA DESENVOLVER A TOLERÂNCIA
- Não se comporte como o dono da verdade.
- Seja um bom ouvinte.
- Não faça comentários sobre o que você considera errado nos outros.
- Entenda que cada pessoa está num diferente estágio evolutivo.
- Ao invés de criticar, valorize o que o outro tem de bom.
- Use fraternidade como bússola para a sua conduta.
A prática do amor ao próximo é caminho seguro para desenvolver a tolerância. Vamos exercitá-la?
“Seja tolerante com o próximo que erra. Quando erramos,
queremos que os outros nos desculpem. Então, desculpe sem criticar.
Seja você um exemplo vivo e desculpe os erros alheios, porque não há pessoas más: há enfermos da alma.”
(baseado no livro Minutos de Sabedoria)
queremos que os outros nos desculpem. Então, desculpe sem criticar.
Seja você um exemplo vivo e desculpe os erros alheios, porque não há pessoas más: há enfermos da alma.”
(baseado no livro Minutos de Sabedoria)
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